O deputado federal Beto Richa (PSDB) anunciou que está escrevendo um livro. Em entrevista à Rádio CBN Maringá, nesta segunda-feira à tarde, Richa adiantou que no livro vai contar com detalhes os episódios que culminaram com sua prisão em 2018, a duas semanas da eleição, tirando qualquer chance de se eleger senador, cargo ao qual concorria.
Segundo ele, o livro trará “nome e sobrenome” de todos os envolvidos, inclusive com depoimentos de pessoas do seu convívio que teriam sido coagidas, sob tortura, para envolver seu nome em irregularidades na sua gestão como governador do estado. As acusações contra Richa foram feitas pelo Gaeco e Ministério Público Estadual, mas também tiveram troca de informações com a equipe que então conduzia a Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal). Todas as acusações contra ele já foram arquivadas.
Veja o trecho da entrevista em que Beto Richa fala do livro sobre sua prisão: 1g3312
“Estou escrevendo um livro sobre a minha vida. Eu não abro mão de tornar público tudo o que aconteceu comigo. Primeiro, que eu não tenho absolutamente nada a esconder. Eu quero tornar público todos os detalhes que envolveram essa grande armação. Sórdida, rasteira e cruel foi essa armação de que eu e minha família fomos vítimas. Eu quero dar nome e sobrenome para todas as pessoas que estiveram envolvidas com isso.
Esse livro basicamente vai ser dedicado à minha família. À belíssima trajetória política do meu pai, que o Brasil inteiro reconhece como um dos políticos mais íntegros, decentes. Um grande líder nacional, que participou das principais lutas do Brasil, de redemocratização, luta pelas liberdades individuais, grandes conquistas e avanços que o Brasil conheceu no período em que ele foi governador e senador, constituinte
E depois à minha trajetória também. Eu fui deputado estadual, dos deputados que mais apresentaram projetos de lei lá na década de 90. Fui prefeito de Curitiba, o melhor prefeito do Brasil em todas as pesquisas. Tive a maior votação que os curitibanos já deram para um candidato, mais de 77% dos votos. Uma aprovação consagradora do estilo e do modelo de gestão que a gente implantou na capital.
E graças a essa repercussão eu virei governador por dois mandatos. Peguei o governo do Paraná no vermelho, com R$3,5 bilhões de dívidas, e deixei R$7 bilhões em caixa. Com canteiros de obras por todo o Paraná.
E quando eu saio do governo para a eleição de senador, a duas semanas da eleição, entraram na minha casa e me sequestraram. Eu e minha mulher, sem ter inquérito instaurado. Fui vítima de uma grande armação, de uma grande arbitrariedade. Até o Requião reconhece. Deu várias entrevistas dizendo: ‘sempre fui adversário do Beto Richa. Nossa ideologia é diferente, penso diferente dele istrativamente, mas a prisão foi arbitrária e ilegal’
Eu quero tornar público tudo o que aconteceu. A duas semanas da eleição. Além dos crimes que eles cometeram, membros do Ministério Público revelaram grande desprezo pela democracia, na medida em que induziram os eleitores ao erro e me tiraram a eleição de senador.
Mas é o que menos pesou pra mim. O que mais vale para mim é a minha honra, a minha dignidade. Todos temos uma honra a defender, mas ainda mais uma figura pública, um político, que vive basicamente de imagem. E eu sempre zelei muito pela minha imagem. Como meu pai sempre fez. Sempre zelei pela aplicação correta dos recursos públicos, sempre fui intolerante com desvio de conduta, intransigente com corrupção.
Tanto é que na Operação Quadro Negro, que eles inventaram aí, eu recebi a denúncia de superfaturamento de um muro numa escola, a Escola Amâncio Moro, em Curitiba. Eu encaminhei para a polícia, para investigação. E lá se constatou que os desvios eram maiores. Então mandamos para o Nurce, que é o setor especializado da Polícia Civil, fizemos toda a investigação, encaminhamos para o Tribunal de Contas, Procuradoria do Estado e para o Ministério Público. E viraram o canhão para mim.
Prenderam pessoas, torturaram na cadeia. Tudo isso vai estar no meu livro. São pessoas que dão depoimento, dizendo que foram torturadas para envolver o meu nome. Isso é crime. Crime absoluto.
Volto a insistir: a pouco mais de duas semanas da eleição, quando as pesquisas todas me davam como senador virtualmente eleito.
Estou absolvido de tudo, em todas as instâncias. Tem juiz aí que gosta de se vangloriar: ‘as minhas decisões foram corroboradas em todas as instâncias’. As minhas também. Agora, há duas semanas, uma juíza de primeira instância, da 9ª Vara Criminal acabou de arquivar o restante das ações da Operação Quadro Negro. Tenho arquivamentos e decisões favoráveis no TRF-4, no STJ, no STF.”
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