De acordo com a Organização Mundial da Saúde uma pessoa é considerada velha aos 60 anos nos países em desenvolvimento e no terceiro mundo, e aos 65 anos em países desenvolvidos.

Atualmente estamos na “era do envelhecimento”, pois o planeta tinha 600 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais até poucos anos atrás, e estima-se que vivem hoje cerca de 1,2 bilhões de idosos, a maior parte em países desenvolvidos.

O envelhecimento humano tem sido um fenômeno social significativo, em função do aumento da expectativa de vida da população e redução da taxa de natalidade, o que tem alterado as diferentes esferas de estrutura econômica, social e política dos países, e em particular o Brasil, antes considerado país de jovens, vem rapidamente fazendo sua transição demográfica em direção ao envelhecimento populacional.

Isso acarreta profundas transformações sociais, econômicas e científicas, pois o cenário instável, de mudanças velozes do conhecimento e dos valores culturais, acrescido ao imenso consumismo reinante em todas as faixas etárias, a obsolescência dos valores materiais ou emocionais tem gerado insegurança nas classes médias e altas, pois em função da celebração desenfreada da juventude, sinais de amadurecimento são vivenciados com terror e inconformismo, o que torna as pessoas bastante atentas às críticas e observação da agem do tempo.

Já nas classes mais desfavorecidas, nas quais as pessoas são mais vulneráveis às consequências das mudanças climáticas, catástrofes várias, insegurança alimentar e violências de diversas ordens, ficar idoso significa perder a capacidade de trabalho e estar mais exposto às adversidades do mundo, tanto à agressividade dos mais jovens quanto à incompreensão por parte de empregadores quanto à suas morosidades e dificuldade cognitiva que, claro, vão se acentuando.

Para todas as faixas econômicas, envelhecer de forma geral, com raras exceções, significa perder a competitividade no mundo do trabalho, e, ao contrário do que acontecia anteriormente, quando idosos eram respeitados e acatados diante de suas comunidades ou tribos, hoje tendem a ser desprezados como ultraados, fora dos padrões de beleza e pouco significativos.

Com o decréscimo da natalidade, até mesmo seu papel fundamental como auxiliares na criação dos netos, transmitindo histórias familiares, destacando comportamentos positivos e ajudando os pais na educação das novas gerações não tem sido demandado, e este é mais um espaço perdido.

A identidade de qualquer ser humano se faz normalmente pela profissão exercida, e a ausência dele provoca alterações emocionais, já que seus círculos de amizades e noção da autoimportância ficam alterados. Mesmo que aposentados hoje não estejam inativos após a saída da vida laboral, já que cada vez mais o idoso sente necessidade de voltar à ativa pela incapacidade de sobreviver com valores que a cada ano se distanciam mais daqueles desejáveis, e o baixo valor do benefício recebido necessita ser complementado.

A informalidade está presente na população idosa na esmagadora maioria dos casos segundo os dados do IBGE, mostrando que haveria necessidade de gerar novos empregos e reciclagem para suprir esta crescente população, muitas vezes com baixa escolaridade e nível de qualificação inferior ao que o mercado exige. A “ampliação de oportunidades para aprendizagem da pessoa idosa”, que consta no Decreto Federal nº 8.114 desde 2013, até hoje não foi colocado em prática e prejudica enormemente não apenas esta parcela populacional, mas também o desenvolvimento do país como um todo.

Além disso, temos ignorado a importância dos idosos na transmissão do capital cultural, que vem das escolas e famílias, e nas quais o idoso seria relevante para transmitir valores e comportamentos para crianças e jovens.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.