
O Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), que funciona dentro do Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, abre nesta quinta-feira (29), às 18h30, a exposição “Sobrevoo – Rogério Dias 80 anos”. A mostra, com curadoria de Arthur L. do Carmo, reúne mais de 170 obras e celebra as oito décadas de vida e mais de cinco de produção de um dos artistas mais relevantes da cena paranaense.
A exposição propõe um panorama sensível da obra de Rogério Dias, destacando suas diversas fases e es. Pinturas, aquarelas, colagens, esculturas, objetos e estudos compõem o acervo, incluindo peças inéditas ao público. A proposta da curadoria é não seguir uma ordem cronológica, permitindo que os diferentes momentos da carreira do artista se conectem por meio de temas como cor, paisagem, natureza, memória e liberdade.
Idealizada pela Singular Cultural, a mostra foi construída com a participação de diversas instituições e pessoas. Obras do acervo do próprio MAC dialogam com peças cedidas por galerias, colecionadores e pelo próprio artista.
Reconhecido por sua linguagem visual marcada pela exuberância cromática e pelo uso de materiais do cotidiano, Rogério Dias construiu uma trajetória independente, sem se render a modismos. Entre seus trabalhos mais conhecidos está o Iguaçu, mural ladrilhado instalado no Centro Cívico de Curitiba.
A releitura da paisagem é um dos eixos centrais de sua obra. Influenciado por Cândido Portinari e pelo expressionismo abstrato de Mark Rothko, o artista transforma horizontes em campos de cor e emoção, criando atmosferas de contemplação que vão além da representação literal da natureza.
No final dos anos 1970, inspirado pelas padronagens de tecidos de chita, Rogério incorporou elementos da cultura popular em suas obras. Essa experimentação resultou em uma pattern art com forte caráter tropicalista, que se destaca pelo uso de cores vibrantes e pela valorização de texturas locais.
A mostra também dá visibilidade à produção do artista em esculturas e objetos tridimensionais, elaborados a partir de materiais reaproveitados como galhos, troncos, sementes, sucatas e madeiras recolhidas em praias. Essas peças, muitas vezes lúdicas e simbólicas, evocam seres mitológicos, máscaras populares e pássaros, em uma fusão entre o artesanal, o sensorial e o espiritual.
Além das artes visuais, Rogério Dias participou ativamente da cena cultural underground de Curitiba nos anos 1980, atuando como designer gráfico e diretor de arte. Na época, desenvolveu projetos como a “Caixa de Bicho”, um happening coletivo que reuniu artistas, poetas e publicitários, refletindo seu espírito livre e experimental.
Amigo pessoal do poeta Paulo Leminski, Rogério foi retratado por ele em um texto escrito em 1985, no qual destaca sua conexão quase mágica com os arinhos e sua sensibilidade para captar aquilo que os outros não viam.
A curadoria da exposição se organiza a partir de quatro vetores principais: materialidade e reaproveitamento; dimensão pictórica e pattern tropicalista; figura humana e metáforas da liberdade; e diálogos com outras linguagens.
A exposição é uma realização da Singular Cultural, com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Conta com incentivo do Centro Universitário Internacional Uninter e do Consórcio Servopa, além do apoio do Jokers Pub. A organização ressalta que qualquer outra ação comercial ou comemorativa paralela à mostra não conta com a participação do artista ou de seus representantes.
Serviço
Exposição: Sobrevoo – Rogério Dias 80 anos
Abertura: 29 de maio, às 18h30
Local: MAC Paraná – Museu Oscar Niemeyer (entrada na abertura pela rampa circular do estacionamento)
Endereço: Rua Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico, Curitiba
Período: 30 de maio a 27 de julho de 2025
Horário: Terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até 17h30)
Entrada gratuita: Quartas-feiras
Foto: Selma Albano