Para Moro, fala do ministro Mauro Vieira sobre asilo à ex-primeira dama do Peru “causa espanto” 3r734f

Martha Feldens
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Sergio Moro (União Brasil). Foto: Divulgação

O senador Sergio Moro (União-PR), autor da convocação ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para falar no Senado sobre o asilo diplomático dado à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia Alarcón, a fala do ministro, nesta terça-feira (20) não foi convincente. “Causa até espanto a fala do ministro ao dar entender que não tem nenhum problema para o Brasil conceder asilo a um condenado por corrupção em outro país, no caso a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia. Quer dizer que o Brasil vai virar um paraíso para pessoas condenados por corrupção, inclusive por suborno de uma empresa brasileira?”, questionou Moro na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

A ex-primeira dama do Peru Nadine Heredia foi condenada a 15 anos de prisão por envolvimento em dois casos de recebimento de recursos ilícitos, ligados às campanhas presidenciais de seu marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala, em 2006 e 2011. Os recursos, segundo a sentença judicial, teriam origem na construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor) e no governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.

Horas antes da divulgação da sentença, em 16 de abril, Nadine ingressou na embaixada do Brasil em Lima e solicitou asilo diplomático com base na Convenção de Caracas de 1954. O pedido foi aceito, e o governo brasileiro autorizou o transporte da ex-primeira-dama e de seu filho ao Brasil em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), em operação estimada em cerca de R$ 320 mil. Moro considerou o asilo “infame”. Ele questionou a urgência na questão de saúde de Nadine e o fato da sua concessão não influenciar na concessão do asilo.

“Há divulgação pela imprensa brasileira e peruana de que ela estaria bem de saúde. Há até um vídeo, que foi divulgado pela revista Panorama, que foi amplamente reproduzido aqui no Brasil. Foi feito algum exame médico independente para saber das reais condições de saúde da Nadine? Ou se ela não poderia ser tratada no Peru, poderia ter a prisão domiciliar? “ destacou Moro na audiência com Mauro Vieira.

O senador paranaense também abordou o contraste no tratamento do governo brasileiro dado ao episódio envolvendo quatro opositores venezuelanos ligados à líder María Corina Machado, que estavam asilados na embaixada da Argentina em Caracas. O grupo foi resgatado pelo governo dos Estados Unidos sem aviso prévio ao Brasil, embora os asilados estivessem sob custódia brasileira durante parte do processo.

“É gritante a pergunta feita pelos próprios opositores venezuelanos ao governo brasileiro: por que alguns recebem proteção imediata de forma urgente, enquanto nós somos condenados à meses de silêncio? O que nos parece é que o Brasil não é mais um país confiável. E o ministro não explicou esse contraste de tratamento do empenho do Brasil no asilo à ex-primeira-dama corrupta do Peru com a falta de ações mais concretas em relação aos opositores venezuelanos refugiados na embaixada Argentina em Caracas e sob a guarda do Brasil”, afirmou Moro.

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