Caso Ana Júlia: “se fosse ela quem tivesse faltado, já estaria fora da CCJ”, diz Márcia Huçulak bz3n

Martha Feldens
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Deputada Márcia Huçulak. Reprodução Estúdio Bem Paraná

A deputada Márcia Huçulak (PSD) é categórica ao responder à pergunta sobre se há violência política de gênero na Assembleia Legislativa do Paraná: “Sem dúvida. Isso é público e notório. Nas falas, a gente não grita, até porque a mulher que grita é histérica. O homem grita e não é histérico. O homem que fala palavrão é incisivo, contundente. A mulher que fala palavrão é louca, desvairada. É um ambiente hostil”, disse a deputada em entrevista ao programa Bem na Pauta, do Estúdio Bem Paraná. Para Huçulak, o caso que envolveu a deputada Ana Júlia (PT) e o deputado Ricardo Arruda (PL) é um exemplo.

Ana Júlia denunciou as faltas consecutivas de Arruda na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), pediu sua saída da comissão e foi atacada por ele. Ao fim, o deputado apresentou um atestado que foi aceito pela Diretoria Legislativa da casa. “Eu faço parte de comissão, sou titular. Quando não posso ir, tenho que avisar o presidente da comissão, que vai chamar o suplente. Como tem o suplente, o regimento não prevê atestado, esse tipo de coisa. Eu tenho certeza de que se fosse o contrário, se Ana Júlia é que tivesse faltado, ela já estaria fora da CCJ, sem questionamento”, disse Huçulak.

Para a deputada, ainda há muito de “Clube do Bolinha” no Legislativo e, por isso mesmo, as dez deputadas da Bancada Feminina, independentemente de partido ou ideologia, se uniram para estar juntas quando há pautas que envolvem a mulher. “A gente vai junto, tem adesão neste sentido. Inclusive em projetos que aprovamos muito rapidamente na casa. Por exemplo, aprovamos agora esse ano a questão da Bolsa Recomeço, para ter uma ajuda para a mulher que sofre violência, porque ela não tem apoio. Então, a gente tem trabalhado, independente de questões ideológicas”, contou.

Marcia Huculak tem uma visão pessimista do espaço da mulher na política. “Infelizmente é assim, as pessoas querem a gente por cota. Aliás, tramitou, ou na Câmara Federal e foi barrado no Senado, um projeto de lei que quer tirar a cota. Ele garante a cadeira, mas ele não dá a cota. Como é que você vai chegar na cadeira se não tem cota? Não vai chegar, porque a gente ainda, eu, na verdade, e muitas deputadas, estamos lá por cota, vou falar a verdade. Porque aí o partido precisa ter candidatas e deu o azarão que a gente se elegeu”, disse.

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