Gruta do Bacaetava, em Colombo, foi refúgio dos italianos na Segunda Guerra; saiba como visitar 5f429

Imagine acordar todos os dias cercado por pedras, com o som constante da água escorrendo pelas paredes. Sem janelas, sem sol. O tempo a no escuro e cada barulho é ampliado: o gotejar da água, o bater de asas de um pássaro, o sopro do vento que mal chega. 171f

Para muitos, isso pode soar como cenário de filme. Mas para imigrantes italianos que viveram em Colombo durante a Segunda Guerra Mundial, foi a realidade. Escondidos dentro da Gruta do Bacaetava, encontraram ali proteção contra a perseguição.

A Gruta do Bacaetava fica em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, e guarda não só formações geológicas de cerca de 700 milhões de anos, mas também histórias de resistência. Durante a guerra, o medo do alistamento forçado e da violência levou famílias inteiras a viver ali por tempo indeterminado.

O abrigo improvisado contava com o apoio discreto da igreja, que levava alimentos, remédios e até mesmo esperança. Uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes chegou a ser colocada dentro da gruta. A imagem, hoje, está exposta em uma capela na área de lazer do parque, mas sua antiga morada ainda é lembrada pelos guias durante a visita.

A “caverna” abriga várias espécies 4o5911

A entrada da gruta é feita por uma trilha curta, de cerca de cinco minutos, entre árvores, pontes de madeira e o som constante das águas do Rio Bacaetava, cuja nascente fica a 20km do parque. O caminho termina em uma arela de ferro que leva o visitante ao interior da caverna, com 200 metros de percurso ível.

A “playlist” do trajeto pela gruta é o som da água, que se mistura ao canto dos andorinhões-de-coleira-falha. Outras aves, como sabiás e joões-de-barro, também vivem ali, compondo a paisagem natural ao redor.

As formações geológicas chamam a atenção. Estalactites no teto, estalagmites no chão e colunas que conectam as duas estruturas revelam o trabalho lento e contínuo da água ao longo de centenas de milhares de anos. Uma formação alaranjada ganhou o apelido de “abóbora”. Outra, que lembra uma caveira, alimenta lendas sobre mortes misteriosas. Teria sido um padre, ou um italiano, que ali pereceu?

Durante o eio guiado, o visitante aprende que para uma estalactite (formação rochosa que surge no teto) crescer 1 centímetro, pode levar mais de 100 anos.

Uma história quase esquecida 4z4j1i

A gruta foi descoberta por acaso, no século 19, por Antonio Gasparin, um imigrante italiano que preparava o solo para o plantio quando se deparou com a formação rochosa. Encantado, compartilhou com amigos e familiares. Com o tempo, o terreno foi doado à Igreja Matriz de Colombo, depois à Santa Casa de Misericórdia, até ser adquirido pelo município e transformado em parque em 1999.

A abertura ao público aconteceu em 2000. Desde então, o Parque Natural Municipal Gruta do Bacaetava vem cumprindo o papel de conservar o patrimônio, além de oferecer um espaço de educação ambiental e lazer. Antes, o local já sofreu com pichações, lixo e até destruição de formações internas.

Visitação da gruta em Colombo 6n1u

Em maio de 2025, o Parque Natural Municipal Gruta do Bacaetava completou 25 anos desde que foi aberto oficialmente à visitação pública. O eio é gratuito, precisa ser agendado com antecedência e tem duração aproximada de 30 minutos, sempre com acompanhamento de um guia local. Site para agendamento.

Os visitantes devem se apresentar à recepção com pelo menos 15 minutos de antecedência do horário agendado. Nesse momento, são fornecidas as orientações necessárias para o eio, que inclui a exibição de um vídeo institucional sobre a gruta e sua história.

Durante o percurso, que ocorre em arelas metálicas no interior da caverna, os visitantes recebem lanternas e capacetes fornecidos pelo parque. A visita é realizada às sextas, sábados e domingos, com horários disponíveis entre 9h e 16h.

A entrada é feita por meio de um ingresso solidário: é obrigatória a doação de 1 kg de alimento não perecível por pessoa no momento da chegada.

O parque está localizado em uma área rural do município de Colombo, a cerca de 12 quilômetros do Parque da Uva, no sentido de quem parte do Centro. O o por carro é simples e pode ser feito com a ajuda de qualquer aplicativo de GPS. No entanto, a região não conta com sinal de celular e não há disponibilidade de transporte por aplicativo. Para quem utiliza transporte público, a linha de ônibus Bacaetava, que a em frente ao parque, opera de segunda a sexta-feira, veja aqui os horários.