
Os homicídios de mulheres caíram no Paraná em dez anos, mas no mesmo período as notificações de violência acabaram disparando. É o que revelam dados do Atlas da Violência 2025, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os quais apontam que os homicídios com vítimas do sexo feminino caíram 18,7% no estado entre 2013 e 2023. Por outro lado, as notificações de agressões contra mulheres teve um salto de 159,7% ao longo desses 10 anos. 5z4h67
Com relação aos homicídios, o número total de mulheres vítimas de mortes violentas caiu de 283 casos registrados em 2013 para 230 em 2023. A redução paranaense foi maior do que a média nacional, uma vez que no Brasil a queda nos homicídios de mulheres foi de 18,2%, ando de 4.769 para 3.903. Além disso, o Paraná foi o único estado da região Sul a registrar queda nos casos no período. Em Santa Catarina, o número de homicídios de mulheres aumentou 2,9%. No Rio Grande do Sul, o total de casos teve alta de 6,7%.
Mas se as mortes violentas acabaram se tornando mais raras, a violência contra a mulher nunca esteve tão presente ou, pelo menos, tão evidente.
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, as notificações de agressões contra mulheres deram um verdadeiro salto ao longo das últimas décadas. Em 2013, por exemplo, haviam 9.036 registros e o Paraná ocupava o terceiro lugar no ranking nacional (em números absolutos), atrás apenas de Minas Gerais (15.035) e São Paulo (21.366). Dez anos depois, 23.462 casos de violência contra mulheres já foram registrados no estado, número inferior apenas aos verificados em São Paulo (72.231), Rio de Janeiro (32.347) e Minas Gerais (24.604).
Homicídios entre mulheres negras está em alta d6o6c
Embora os homicídios de mulheres estejam em queda no Paraná, dependendo da cor da pele da mulher o risco dela vir a ser vítima de violência cresceu ao longo da última década. Isso porque o número de homicídios registrados de mulheres negras cresceu no estado entre 2013 e 2023, enquanto os assassinatos de mulheres não negras recuaram.
Em 2013, 59 mulheres negras haviam sido mortas no estado. Dez anos depois, já houve 76 registros, o que representa uma alta de 28,8%. Com isso, a taxa de homicídios registrados de mulheres negras por 100 mil habitantes acabou permanecendo estável, em 3,6.
Por outro lado, entre as mulheres não negras, o número de homicídios registrados recuou de 223 para 151 nesse mesmo período. Isso representa uma redução de 32,3%. Dessa forma, a taxa de homicídios registados de mulheres não negras por 100 mil habitantes recuou de 5,7 para 3,9.
Homicídios em queda, mas feminicídios em alta 2c2p16
Embora os homicídios de mulheres estejam em queda, os casos de feminicídio no estado apresentam tendência de alta nos últimos anos. É o que revelam dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Os dois dados são diferentes porque na categoria homicídios de mulheres estão inclusas todas as mortes violentas cuja vítima era do sexo feminino. Já o feminicídio envolve o assassinato de mulher motivado por violência doméstica, por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Conforme a Sesp, em 2019 haviam sido registrados 89 casos de feminicídio no Paraná. O número que caiu para 73 em 2020 e nos anos seguintes (2021 e 2022) manteve-se estável, com 75 e 77 registros, respectivamente. Em 2023, no entanto, já foram anotados 81 feminicídios no Paraná. E no ano ado (2024), um verdadeiro salto nas ocorrências: 109 casos, com alta de 34,6% na comparação com o ano anterior. E em 2025, só nos três primeiros meses do ano, 26 feminicídios já ocorreram, o que indica que o número de casos, mais uma vez, pode chegar aos três dígitos.