Nos dias 16 e 17 de maio de 2025, integrantes do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC/UFPR) participaram de um curso intensivo sobre o resgate de grandes cetáceos vivos. A equipe atua no litoral do estado por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
A capacitação aconteceu em Imbituba (SC), dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APABF), promovida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Instituto Australis e Associação R3 Animal.
O curso teve como objetivo revisar e fortalecer o Protocolo de Encalhes e Emalhe de Mamíferos Marinhos da APABF, além de habilitar e integrar os profissionais que atuam em eventos de encalhe no litoral centro-sul e norte de Santa Catarina e no Paraná.
Participaram da atividade cerca de 50 representantes de instituições públicas e privadas, incluindo os técnicos do PMP-BS/LEC-UFPR: o médico veterinário Felipe Yoshio Fukumori, os monitores ambientais Thomaz Barreto e Chaara Buss, e a assistente de comunicação Ana Cláudia Nunes.
Casos de encalhes de grandes cetáceos no litoral de Santa Catarina. Foto: Ana Cláudia Nunes/LEC-UFPR
Treinamento técnico e simulado realista 1x2727
O primeiro dia foi dedicado ao módulo teórico, com apresentações sobre planejamento, logística, segurança, bem-estar animal e tomada de decisão em diferentes cenários — inclusive casos de eutanásia.
As palestras foram conduzidas por especialistas como Pedro Castilho (UDESC), Karina Groch (Instituto Australis) e Cristiane Kolesnikovas (R3 Animal), que compartilharam experiências vividas em atendimentos reais.
No fim da tarde de sexta-feira (17), as equipes participaram de um simulado de encalhe com um protótipo realista de filhote de baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), com cerca de 7 metros, na praia de Itapirubá Norte.
Simulação de tração em baleia-jubarte. Foto: Ana Cláudia Nunes/LEC-UFPR
O segundo dia de treinamento foi voltado exclusivamente ao simulado prático. A atividade envolveu avaliação de saúde do animal, abertura de canal na areia, atuação com embarcação de apoio e análise de cenário de eutanásia, conforme os protocolos técnicos e de bem-estar animal.
“Participar deste treinamento reforça nossa capacidade de resposta a situações reais e nos prepara para tomadas de decisão difíceis. Além disso, fortalece a integração com as demais equipes da região sul”, destacou o médico veterinário Felipe Yoshio Fukumori.
Integração com o protocolo paranaense 3n5373
A participação da equipe do LEC/UFPR também visa à regionalização dos aprendizados e à atualização do PRAE – Protocolo de Atendimento a Encalhes de Animais Marinhos no Litoral do Paraná, em vigor desde 2018.
O documento organiza as instituições responsáveis por esses atendimentos no estado e é coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), pelo Instituto Água e Terra (IAT) e pelo IBAMA, em articulação com instituições científicas e ONGs.
“O treinamento nos deu base para avaliar e propor atualizações ao protocolo regional, considerando as particularidades do nosso litoral. Vivenciar a prática em um ambiente controlado e simulado nos traz mais segurança para atuar em campo”, reforçou Thomaz Barreto, técnico do PMP-BS/UFPR.
Os encalhes de grandes cetáceos — como baleias, golfinhos e outros mamíferos marinhos — representam emergências ambientais que exigem resposta rápida, técnica e coordenada. As causas desses eventos podem ser naturais, como doenças, ou antrópicas, como colisões com embarcações, emalhes em redes de pesca e poluição marinha.
Chaara Buss, técnica de monitoramento do projeto, também destacou a importância do aspecto emocional e do trabalho em equipe:
“Cada encalhe é um desafio único, que exige sensibilidade, conhecimento técnico e muita cooperação.”
Cooperação e Década da Ciência Oceânica 2r4s49
Equipe de profissionais que participaram do treinamento. Foto: Equipe Protocolo de Encalhes APABF/PMP-BS SC/PR
A capacitação integra os esforços do ICMBio e parceiros em prol da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), promovida pela ONU.
Além de reforçar o compromisso com a proteção da biodiversidade marinha, o curso também consolidou o trabalho em rede entre instituições do sul do Brasil, promovendo padronização e fortalecimento das respostas frente a emergências ambientais.
“Capacitações como essa ampliam nossa rede de apoio e fortalecem o entendimento técnico sobre o que é possível e ético em casos de encalhe. É uma construção conjunta e contínua”, finalizou Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/UFPR.
Em caso de encalhes no Paraná 5g3s2b
Caso você encontre animais marinhos debilitados ou mortos nas praias do litoral do Paraná, acione a equipe do PMP-BS/LEC-UFPR pelos seguintes canais:
- Telefone: 0800 642 33 41
- WhatsApp: (41) 9 9213-8746
Sobre o PMP-BS 4f5h5x
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
No estado do Paraná (Trecho 6), o projeto é executado pela equipe do LEC/UFPR.
Mais informações:
Site: www.lecufpr.net
Instagram: @lecufpr