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(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Os aumentos de preços dos remédios nas farmácias podem ser maiores do que o autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), é o que revela o estudo do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec). 433ax

O novo reajuste do Preço Máximo ao Consumidor (PMC) — teto permitido para venda de medicamentos — começou a valer em março de 2025, com aumento médio de 3,83%, abaixo da inflação do ano anterior. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, esse percentual vale apenas para o preço de referência, e não para o valor final nas farmácias, que podem cobrar ainda mais

Por que os remédios ficam mais caros 85l2i

Os preços cobrados em grandes farmácias são menores do que o preço teto da PMC. Para se ter ideia da diferença, um remédio como a losartana potássica chega a custar, na farmácia, quase oito vezes menos do preço máximo. Na prática, a farmácia poderia reajustar este remédio em mais de 675% sem desrespeitar o reajuste de 3,83% sobre o PMC. 

O Idec afirma que o mesmo problema foi encontrado nas edições anteriores da pesquisa: o PMC, que é o teto de preços de cada medicamento, está em um valor muito acima do praticado pelo mercado e não cumpre sua função de impedir aumentos abusivos. 

Um exemplo apresentado na pesquisa é o do Clavulin (Amoxicilina + Clavulanato de Potássio), um tipo de antibiótico. Apesar de o preço máximo dele ser de R$ 422,86, antes do reajuste ele era encontrado nas farmácias, em média, por R$ 166,81. Se a fabricante e as farmácias mais do que dobrarem o preço desse remédio de um dia para o outro, o consumidor não poderá recorrer a ninguém.

O levantamento revela que, entre os medicamentos de marca, mesmo antes da aplicação de qualquer desconto, a diferença média entre os valores praticados e o preço máximo na regulação foi de 6,75%. Em valores absolutos, a maior diferença encontrada foi de R$ 256,06, no caso do Clavulin. 

Em tese, não deveriam ser identificadas diferenças negativas entre o PMC e os preços praticados nas farmácias, já que isso indicaria que, para ao menos um dos preços coletados em relação àquele medicamento, o valor praticado no mercado estava acima do permitido pela regulação. Contudo, este foi exatamente o caso encontrado para alguns medicamentos pesquisados, o que reforça a hipótese do Idec de que as farmácias fixam preços inflacionados, inclusive descumprindo a regulação, para viciar o consentimento de consumidores, atrelando o fornecimento do compartilhamento do F em troca de um desconto fictício.

Já a diferença média entre o preço máximo dos medicamentos genéricos sem desconto e aqueles encontrados nas farmácias foi de 40,39%, chegando a uma diferença máxima, em valores absolutos, de R$ 89,07, no caso do Aciclovir.