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(Foto: Reprodução/YouTube)

Quando estava na fila da inscrição para o vestibular, em meados da década de 1970, o curitibano Ricardo Alessandrini Amaral estava convicto de que iria cursar Engenharia, assim como vários de seus amigos. Ao preencher a ficha, no entanto, respirou fundo e decidiu-se pela Arquitetura. “Foi no último instante, acho que por isso meus parceiros de trabalho falam que eu sou o arquiteto mais engenheiro que eles conhecem”, brinca. 5c4fu

Ricardo formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica do Paraná em 1981 e, desde então, vem construindo uma carreira sólida, por vezes polêmica, mas sempre inspiradora. Em 1976, ele fundou a Ricardo Amaral Arquitetos Associados, que já acumula mais de 30 milhões de metros quadrados projetados.

De condomínios a residências, ando por projetos comerciais e urbanísticos, o arquiteto possui uma experiência única, pautada principalmente pelo desejo de fazer a diferença.

Nascido em 14 de agosto de 1956, Ricardo diz que sua infância “não foi normal”. “Meus pais se separaram quando eu era pequeno”, conta. Em uma época em que a dissolução do casamento ainda não tinha respaldo oficial, Ricardo ou a infância com a mãe, uma argentina que morava no Brasil. Ela casou-se novamente, mas não teve mais filhos.

Por parte de pai, o advogado Leonel Amaral, Ricardo teve seis irmãs. Aos 14 anos, foi morar com o pai, um dos fundadores do Santa Mônica Clube de Campo e campeão internacional de tiro. “Meu pai foi várias vezes campeão nessa modalidade. Tinha muitos amigos no Exército e, por isso, antes e depois da ditadura, muitos militares frequentavam nossa casa”, lembra, mencionando a formação disciplinar e rígida que recebeu.

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Foto: Jean Arbaiter

Vida adulta 5743t

Dois anos depois, porém, após um período conturbado e de incompatibilidade de ideias, Ricardo voltou a morar com a mãe. Mas também não se adaptou à nova realidade. Estava prestes a fazer vestibular e, antes de completar 18 anos, saiu de casa. Na época, cursava o Ensino Médio no Colégio Estadual do Paraná, ando a morar em uma república. Sobrevivia fazendo bicos, como o de colar etiquetas nas ânforas de perfumes e cosméticos de O Boticário, na Rua Saldanha Marinho.

Foi nessa república que conheceu nomes que também fizeram história na arquitetura paranaense, como Fernando Canalli, Flavio Schiavon e Mauro Magnabosco. Já no primeiro ano de faculdade, com a coragem de quem quer desbravar o mundo, bateu à porta de um dos escritórios mais consagrados da capital paranaense, a Esteio Engenharia, e conseguiu seu primeiro estágio. Em seguida, foi para a Vertical, referência em gestão, onde atuou como fiscal de obras. “Foi a minha grande escola”, afirma.

Assita a entrevista completa de Ricardo Amaral no YouTube do Estúdio Bem Paraná: 5e4e6h

Corrida para o sucesso 4o4c30

Assim que concluiu a faculdade, abriu oficialmente a Ricardo Amaral Arquitetos, na Rua Uruguai, 301, no bairro Bacacheri, em Curitiba. Logo em seguida, iniciou projetos importantes que marcaram a arquitetura paranaense, como o Edifício Florence, na Praça da Espanha, com suas imponentes varandas de concreto aparente, além de projetos para a Habitação, do empresário e ex-governador Jayme Canet Jr. A ponte para esses trabalhos foi feita pelo amigo e parceiro Luiz Forte Netto, um dos líderes do processo de debate do então novo plano urbano de Curitiba.

Duas décadas depois de abrir seu escritório, Ricardo fundou a Geplan – Gerenciamento e Planejamento de Obras. A ideia surgiu após um encontro com o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que, durante um evento, mencionou a necessidade de empresas de engenharia consultiva para acompanhar o crescimento industrial do Paraná. Inspirado por essa visão, Ricardo fundou a Geplan em 1998 para atender esse nicho de mercado.

Além da carreira, Ricardo sempre teve uma forte conexão com o hipismo. Começou a montar no Regimento Coronel Dulcídio por falta de recursos financeiros para aulas particulares. Comprou seu primeiro cavalo ao se formar e dedicou-se à prática por 30 anos. 

No âmbito pessoal, casou-se em 1982 e teve dois filhos. Seu filho Rafael, campeão brasileiro de hipismo aos 16 anos, faleceu tragicamente aos 19 anos em um acidente de carro, um acontecimento que marcou profundamente a família.

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Foto: Jean Arbaiter

Pilares 4y4o1j

Superação, disciplina e organização são as palavras que definem Ricardo Amaral. Entre os principais empreendimentos do escritório, destacam-se o BIOOS, um complexo multiuso em Curitiba voltado para o público acima de 60 anos, e o AMÁZ, um condomínio inspirado na floresta amazônica localizado no bairro Bigorrilho. O portfólio da empresa inclui ainda a concessionária Mercedes-Benz do Grupo Divesa e a fábrica da Brose do Brasil, com contrato firmado na Alemanha. A Brose aliás, foi o primeiro, de muito projetos industriais que viriam a seguir. 

A requalificação urbana de alguns pontos do litoral paranaense, a sede do Tribunal de Justiça de Maringá e o retrofit do Palácio Iguaçu também fazem parte do portfólio do escritório. Em 2024, a Ricardo Amaral Arquitetos foi escolhida pela Audi do Brasil para o projeto da nova Fábrica de Ideias, um megaprojeto a ser construído na antiga fábrica da Ambev, no bairro Rebouças.

O projeto, parte do programa Paraná Competitivo, conta com investimento total de R$ 300 milhões, financiado pela Audi do Brasil e desenvolvido pelo escritório de Ricardo. Com mais de 50 mil metros quadrados de terreno e 34 mil metros quadrados de área construída, o espaço abrigará empresas de tecnologia, startups, instituições culturais e espaços de convivência.

A Fábrica de Ideias faz parte do legado que Ricardo deseja deixar para as próximas gerações. “Quero deixar projetos que representem mais a comunidade e o que as pessoas realmente precisam: cultura, educação, lazer e esportes. E a Fábrica de Ideias contempla todas essas características”, finaliza.

Escute a entrevista completa de Ricardo Amaral no Spotify do Estúdio Bem Paraná: 6u7229

FICHA TÉCNICA
Coordenação: Josianne Ritz
Apresentação e produção: Katia Michelle
Operação e edição: Evandro Soares
Email: [email protected]