
O técnico Maurício Barbieri, que comandou o Athletico Paranaense de janeiro a maio de 2025, falou sobre seu trabalho no clube. Em entrevista para o ‘Zona Mista do Hernan’, do colunista do UOL André Hernan, o treinador elogiou a estrutura do Furacão, mas lamentou a ausência de um projeto esportivo de longo prazo. Também comentou que as mudanças drásticas no elenco atrapalharam. 102v1n
“Eu acho que o Athletico ainda é um modelo em muitas áreas. Eu acredito que não seja um modelo em relação a projeto esportivo. Estou tomando a licença aqui de separar agora o que é estrutura, o que é gestão, o que é desenvolvimento de clube, eu acho que o Athletico tem uma trajetória fantástica nesse sentido. Você mesmo citou estádio, centro de treinamento super organizado, paga tudo em dia. Agora isso é uma coisa. A construção de um projeto esportivo, o desenvolvimento de um projeto plurianual pra muitos anos, aí eu acho realmente que o Athletico não tem conseguido manifestar isso, não tem ido nessa linha”, disse para o Zona Mista do Hernan.
Em 2024, o Athletico teve quatro técnicos. Em 2025, já foram três. Para Barbieri, essas mudanças prejudicam. “Essa troca constante de treinadores, na minha opinião, é extremamente prejudicial. A rodagem grande também de elenco”, afirmou.
RARIDADE 44256m
Barbieri também ressaltou que poucos clubes no Brasil têm projeto esportivo. “Acho que o Athletico é sim referência e exemplo em muitas coisas, mas eu acho que como projeto esportivo, nesse momento não. Mas me atrevo a dizer também que a gente tem pouquíssimos exemplos de projeto esportivo no Brasil de maneira pensada, de construção de elenco. A gente tem uma cultura bastante imediatista, que é sempre reforçada. E não digo que seja papel da imprensa, eu acho que é forçada de forma cultural, a gente tem as redes sociais aí. E a gente tem muita pouca paciência pra esperar, pra desenvolver, pra acreditar num trabalho de médio e longo prazo. E isso cria muitas dificuldades”, comentou.
ELENCO 2a5w3k
Sobre o elenco, Barbieri lamentou as mudanças radicais. “Quando eu recebo o convite, o elenco era um. Quando eu desço do avião, o elenco já era outro. E aí, na semana seguinte, o elenco foi completamente reformulado. Poucos jogadores ficaram. Eu me atrevo a dizer que menos de 10%. E quando você tem uma mudança tão grande de elenco, com exigência, com cobrança, com pressão por resultado, você precisa ter tempo para desenvolver as coisas. Meu desafio como treinador em muitos momentos não é ensinar o jogador a jogar futebol. Mas é fazer com que o jogador consiga jogar dentro de um coletivo, que é uma estrutura coletiva. Isso leva tempo. Você responde de um jeito, outro jogador responde de outra maneira. Um jogador de fora que está chegando, um estrangeiro, demora um tempo para se adaptar. Alguns se adaptam em dois, três meses, outros levam seis meses, outros levam um ano. Muitos não se adaptam”, argumentou.
“A gente tem história de inúmeros jogadores de muita qualidade que não se adaptaram ao futebol brasileiro, depois acabam voltando para o país de origem, conseguem ter sucesso. Então, eu acho que todas essas variáveis entram dentro desse caldeirão”, completou.