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Ação inédita: regularização em massa de imóveis públicos vai gerar R$ 1,8 milhão de economia. Imóvel em Antonina, no Litoral do Paraná. (AEN)

Imóveis públicos do Paraná arão por regularização nos próximos meses. Essa ação, inédita no País, irá representar uma economia de R$ 1,8 milhão ao Governo do Paraná e abrange 300 imóveis distribuídos pelo Estado. 4fx4e

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O projeto é fruto de diagnóstico realizado pelo Departamento de Patrimônio do Estado, vinculado à Secretaria da istração e da Previdência (SEAP). Os imóveis públicos foram mapeados e os trabalhos serão realizados em bloco. Até então, era necessário realizar a regularização de um imóvel por vez, com abertura de licitações individuais, além de todo o processo de regularização que envolve uma série de etapas burocráticas.

Força-tarefa apurou imóveis públicos irregulares 4i2d40

A base para o projeto foi construída entre 2018 e 2022, quando o Governo do Estado realizou um trabalho detalhado para identificar quais imóveis estaduais ainda não possuíam regularização fundiária. Foi uma força-tarefa: cada imóvel foi localizado, analisado e classificado com informações como área, situação de ocupação, estado documental e destinação potencial.

Além disso, a SEAP conseguiu precificar todas as etapas necessárias nos processos de regularização, o que permitiu, pela primeira vez, a realização de uma única licitação para contratação da empresa que ficará responsável pelos trabalhos de regularização em bloco.

O levantamento resultou em um banco de dados com 1.477 imóveis com necessidade de regularização. Os 300 primeiros foram selecionados como projeto-piloto.

O investimento total será de R$ 2,7 milhões, financiados pelo Banco Mundial por meio do programa Paraná Eficiente. O novo modelo vai gerar uma economia de 41%, uma vez que realizar processos de regularização individuais custa em média R$ 15,2 mil (por processo). Caso realizado individualmente, as 300 regularizações ultraariam os R$ 4,5 milhões. A economia com a nova metodologia será de mais de R$ 1,8 milhão.

O montante inclui todas as despesas necessárias à execução da regularização em massa, inclusive tributos, encargos sociais, trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais incidentes, taxa de istração, frete, seguro, etc. A empresa vencedora da licitação para a execução do projeto foi a Hiparc Geotecnologia, Projetos e Aerolevantamentos Ltda. O processo foi homologado e o contrato deve ser assinado nas próximas semanas.

“Regularizar um imóvel público é um processo complexo, com diversas etapas técnicas, legais e cartoriais. O que fizemos foi transformar esse desafio em uma oportunidade: criamos um método que organiza, precifica e viabiliza a execução em massa, o que representa agilidade, economia e governança sobre o patrimônio estadual”,

explica o secretário da istração, Luizão Goulart.

Segundo ele, o diagnóstico prévio realizado pelo governo estadual trouxe uma visão completa e realista da situação. “Com ela, conseguimos fazer um planejamento técnico, jurídico e financeiro que torna possível essa ação coordenada. Isso jamais teria sido viável sem um diagnóstico bem feito”, reforça o secretário.

A maior parte dos imóveis fica na região Norte do Estado, onde 102 imóveis serão regularizados. No Noroeste são 51 imóveis e em Curitiba e Região Metropolitana, 45. Os demais estão espalhados pela região oeste, sudoeste e central.

Regularização será rápida e vai gerar economia 5c1f60

Antes da criação da nova metodologia, o Estado só conseguia contratar empresas para regularizar um imóvel por vez. Isso tornava o processo lento e oneroso. Cada imóvel levava, em média, de 10 meses a 2 anos para ser regularizado – sem contar o tempo de preparação da licitação, que pode chegar a outros dez meses.

Agora, com o novo modelo, será possível concluir a regularização de 300 imóveis em 36 meses. O cronograma prevê o pagamento por etapas, à medida em que os serviços forem sendo entregues pela empresa contratada, incluindo todos os custos técnicos, legais, tributários e operacionais.

“É uma virada de chave. Esse projeto vai nos permitir dar destinação correta a imóveis hoje ociosos, que poderão ser utilizados em projetos sociais, doados a municípios ou vendidos em leilões, gerando receita para o Estado”, detalha o secretário Luizão Goulart.

Imóveis históricos fazem parte de mapeamento q1x14

A ausência de regularização de imóveis públicos não é exclusividade do Paraná. Trata-se de uma realidade comum também em municípios, outros estados e na União. Isso porque muitos desses imóveis foram incorporados ao patrimônio público em épocas em que não havia uma legislação clara sobre como proceder o registro de propriedade.

Até meados do século XX, por exemplo, a transferência de imóveis era registrada manualmente por meio das chamadas Transcrições das Transmissões – documentos imprecisos e, muitas vezes, com descrições vagas sobre localização e metragem.

Em muitos casos, os registros eram mantidos pela própria Igreja Católica, sem padronização ou validação jurídica atual. O resultado: imóveis com documentação antiga, incompleta ou desatualizada, que impedem, por exemplo, reformas e até mesmo a doação ou venda do imóvel.

“O processo inclui desde levantamentos topográficos modernos com uso de drones, até o contato direto com vizinhos e confrontantes para a obtenção de anuência, ando por trâmites junto a cartórios, órgãos públicos e georreferenciamento”,

detalha o chefe do departamento de Patrimônio do Estado, Felipe Carvalho.