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(Foto: SESA)

Após uma gravidez de alto risco, diagnosticada com síndrome de transfusão feto-fetal (STFF), as irmãs gêmeas Sarah e Sofia vieram ao mundo. A mãe, Noemia Oliveira, de 24 anos, estava com dilatação do colo do útero com 26 semanas, o que indicava risco de parto prematuro extremo. 3a5e28

As bebês nasceram com 34 semanas na última quarta-feira (21), na maternidade do Complexo Hospitalar do Trabalhador (CHT), em Curitiba. A STFF é uma condição que afeta gêmeos que compartilham a mesma placenta. Um bebê recebe mais sangue e nutrientes que o outro, o que pode ter consequências graves para ambos, incluindo risco de vida. 

A estrutura integrada da rede estadual de saúde, que inclui desde o acompanhamento pré-natal até a assistência hospitalar especializada, garantiu e adequado para prolongar a gestação pelo maior tempo possível, reduzindo os riscos. Foram dois meses de intensas avaliações, supervisão em tempo integral pelas equipes médicas, ecografias, dentre outros procedimentos necessários à mãe e às bebês. A gestação ou a demandar acompanhamento constante e especializado.  

Por ser uma gestação gemelares monocoriônicas – em que os gêmeos compartilham a mesma placenta, mas têm sacos amnióticos separados – um feto, o “doador”, transfere o sangue para o outro, o “receptor”, resultando em diferentes desequilíbrios para ambos. Sarah foi a primeira bebê a nascer, com 1.810 kg. Sofia veio na sequência, após três minutos pesando 1.988 kg. 

“No começo foi um susto saber que vinham mais dois bebês, sendo que tenho um outro filho, um menino. O pré-natal estava indo bem. Mas aí no ultrassom descobriram o problema”, explicou Noemia.

Sarah e Sofia nasceram na capital paranaense, mas ião em breve, após alta hospitalar, para Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, cidade onde a família reside. Foi lá que Noemia iniciou o pré-natal. ou pelo Hospital Regional do Norte Pioneiro, unidade pertencente ao Governo do Estado, e pelo Cisnorpi, Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro, em Jacarezinho.

Noemia também destaca a qualidade do atendimento que recebeu na maternidade. “Foi tudo maravilhoso. Todos com quem tive contato foram muito cuidadosos e atenciosos, sempre preocupados comigo. Me senti muito acolhida. Só tenho gratidão pela equipe”, elogia. 

“A linha guia materno-infantil é robusta no Estado e temos investido muito nisso. O Hospital Trabalhador e a sua maternidade, o Anexo da Mulher, demonstram que podemos fazer trabalhos efetivos de atendimento da gestação de alto risco, com referência para todo o Estado”, ressalta o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

Pré-natal 5as11

Noemia conta que iniciou o pré-natal em Santo Antônio e foi depois encaminhada para Jacarezinho, por causa do risco e de ser gemelar. “Chegando lá foi uma corrida contra o tempo para salvar as gêmeas”, explicou Noêmia, emocionada. “Meu marido viu tudo pra mim, questão do atendimento, da segurança e em pouco tempo já estava dentro de um helicóptero indo para a maternidade do Hospital do Trabalhador”, lembra.

O Serviço Aeromédico da Unidade Aérea Pública da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Central de Regulação Médica de Urgência e pela Unidade de Regulação de Leitos, realizou a transferência da gestante com o helicóptero, em segurança.

Foram 84 minutos de voo de Santo Antônio da Platina até Curitiba, onde uma equipe médica esperava as três (mãe e bebês) para uma nova bateria de exames e acompanhamento.

O parto, ocorrido no CHT, foi considerado um sucesso, sem intercorrência. As gêmeas permanecem aos cuidados da maternidade até a transferência e alta hospitalar. De acordo com o médico responsável pelo acompanhamento da gestante, Luiz Malat, a cesárea foi inevitável, por conta da patologia.

“Por ser uma gestação gemelar com transfusão feto-fetal grau 1, optamos por interromper a partir das 34 semanas. Usamos a ocitocina para prevenção da hemorragia pós-parto, porque teria um grande fator de risco. A princípio, está tudo bem”, relatou o médico.   

Acompanhamento integral 3v4a5s

Desde o início da gestação, foram realizados os protocolos assistenciais e a responsabilidade do cuidado compartilhado, contidos na Linha Guia Materno Infantil, inserida na Rede de Atenção à Saúde.

Em 2022, o Estado investiu R$ 5.506.002,00 em equipamentos voltados para o diagnóstico e tratamento de condições complexas relacionadas à gestação de alto risco e má formação fetal. O objetivo foi qualificar toda a Rede de Atenção para um cuidado adequado tanto no Interior quanto nos grandes centros de atendimento.

Houve, ainda, aumento no ree para parto de risco habitual (de R$ 200 para R$ 400 por parto), de risco intermediário (de R$ 320 para R$ 640), e partos de alto risco (de R$ 100 mil/mês para R$ 120 mil ou R$ 130 mil/mês para cada hospital). 

O Complexo Hospitalar do Trabalhador foi contemplado com ultrassons de alta performance e equipamentos a serem usados em casos como o da Noêmia, que somaram R$ 1.692.702,00 em investimentos.

Agora, Noemia segue na expectativa de voltar para casa e se juntar à família. “Foram momentos de muita insegurança, dificuldades, mas acho que o pior já ou”, afirma.