Obesidade mórbida em crianças exige atenção desde cedo 433o70

Assessoria
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Na terça-feira (3), é marcado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, um problema de ordem global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados da instituição,  estimam-se que existam 75 milhões de crianças obesas no planeta e no Brasil, de acordo com a Federação Mundial da Obesidade, até 2035 haverá 20 milhões de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso.

Segundo a professora e pesquisadora do Centro Universitário São Camilo, Ana Paula de Queiroz Mello, a obesidade infantil é reconhecida como um grave problema de saúde pública, com riscos tão complexos quanto os observados na fase adulta, incluindo possíveis agravamentos psicológicos e físicos, em especial déficits de estatura em referência à idade, cujos efeitos podem se estender por toda a vida. 

Para levar o conhecimento sobre alimentação equilibrada no ambiente escolar, para combater a obesidade infantil, foi criado um programa inovador liderado pelas docentes e pesquisadoras Ana Paula de Queiroz Mello, do Centro Universitário São Camilo, e Nágila Raquel Teixeira Damasceno, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que têm se destacado na formação de integrantes da comunidade escolar que envolve desde agentes de organização escolar, merendeiras, professores, coordenadores, supervisores até diretores.

Com criatividade e dedicação o programa demonstra como a educação pode ir além das salas de aula, alcançando resultados positivos. 

A iniciativa ou a ter o intuito de incentivar a alimentação saudável entre estudantes do Ensino Básico e do Ensino Fundamental das escolas públicas vinculadas à Secretaria de Educação de São Paulo, por meio do Programa de Educação Alimentar (PEDUCA), que integra Ciência, Escola e Saúde e que oferece curso de formação a todos os servidores.

“A abordagem da alimentação, considerando não apenas os aspectos biológicos, mas também os culturais, sociais e ambientais, além de integrar a Educação Alimentar e Nutricional de forma estruturada, contínua e inserida nas disciplinas regulares no ano letivo, é essencial para conscientizar e empoderar os estudantes a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis”, afirmou a professora Ana Paula Mello.

Educar para Nutrir na prática dentro das escolas

Um exemplo claro do impacto da iniciativa vem da Escola Benedito Lázaro, em Itu (SP). Segundo o vice-diretor, Fabiano Vasconcelos Vieira, a transformação do cardápio escolar, saindo do tradicional macarrão com salsicha para refeições mais nutritivas, fez toda a diferença. “A alimentação anterior era pobre e havia pouco interesse dos alunos pela comida. Antes servíamos apenas 300 pratos e depois da modificação do cardápio amos a oferecer mais de 700 pratos nos dois turnos. Percebi que os alunos aram a procurar saber o que seria servido na merenda. Antes não tinham vontade de comer na escola e agora repetem as refeições”, disse o gestor.

Vieira explicou que na área pedagógica foi feita uma horta com os alunos do oitavo ano e, durante as disciplinas de Ciências, Química e Biologia, ou-se a falar sobre a composição dos alimentos, a tabela nutricional e a importância da nutrição para o nosso corpo, além de distúrbios alimentares. “Foi um programa muito rico que incentivou os alunos a procurar a merenda escolar”.

Na EMEI Antônio Lapenna, na Vila São Silvestre, Zona Leste da capital paulista, a professora Edineide Gomes leva o conhecimento adquirido no PEDUCA para os pequenos de 4 a 6 anos. Com duas refeições diárias, ela enfrenta o desafio de apresentar alimentos essenciais que frequentemente não estão presentes na dieta das crianças fora da escola. “A facilidade dos ultraprocessados está impactando a saúde deles. Temos crianças com carências nutricionais e, ao mesmo tempo, aumento preocupante da obesidade infantil”, afirmou.

Para estimular a alimentação mais saudável, Edineide inicia debates sobre hábitos alimentares simples. “Perguntamos: O que você gosta de comer? Com seus pais, você vai à feira ou ao supermercado? Sabe de onde vêm os alimentos? Essa abordagem tem resgatado a história alimentar dos povos originários e contextualizado a realidade alimentar do Brasil, promovendo conhecimento sobre o ciclo dos alimentos, desde a semente até a mesa”, explica. A professora ressalta que, com o tempo, notou-se aumento no consumo das refeições e redução no desperdício. “As crianças agora se preocupam mais em comer para crescer e ter energia para brincar”, concluiu.

Educação Alimentar em todo Brasil

Na última sexta (30), o Ministério da Educação divulgou uma Nota Técnica sobre a inclusão da Educação Alimentar e Nutricional no currículo Pedagógico das escolas em vários níveis. Para a professora e pesquisadora do Centro Universitário São Camilo, Ana Paula Mello, a iniciativa reforça que a formação de hábitos saudáveis deve ser parte integrante do processo educacional. Neste sentido, a professora acredita que a conscientização da comunidade escolar irá estimular práticas que valorizem a alimentação como direito e componente fundamental para o desenvolvimento pleno das crianças e dos adolescentes.