CARNE DE ONÇA
Carne de onça: o mais novo produto paranaense a receber o selo de Indicação Geográfica (Foto: Franklin de Freitas)

O Paraná é o segundo estado brasileiro com a maior quantidade de Indicações Geográficas (IGs). Na última terça-feira, a carne de onça, prato típico da chamada “culinária de boteco” curitibana, recebeu o registro do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Foi o 18º produto paranaense a receber o reconhecimento, sendo que em todo o país 134 IGs. Entre todas as unidades da federação, só Minas Gerais (com 21) possui mais Indicações. 23634s

São Indicações Geográficas do Paraná: o urucum de Paranacity, a cracóvia de Prudentópolis, o mel de Ortigueira, os queijos coloniais de Witmarsum, a cachaça e aguardente de Morretes, o melado de Capanema, os cafés especiais do Norte Pioneiro, o morango do Norte Pioneiro, os vinhos de Bituruna, a goiaba de Carlópolis, o mel do Oeste do Paraná, o barreado do Litoral do Paraná, a bala de banana de Antonina, a erva-mate de São Matheus, a camomila de Mandirituba, as uvas finas de Marialva e as broas de centeio de Curitiba.

Além desses 18 reconhecidos, há ainda uma Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina, que envolve também municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul: o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

Ademais o estado também possui outros 11 produtos com a IG depositada, mas ainda em processo de análise no INPI: o mel de Capanema; pão no bafo de Palmeira; tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; queijos do Sudoeste do Paraná; café de Mandaguari, ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; café da serra de Apucarana; e ostras do Cabaraquara.

Curitiba possui duas IGs, ambas conquistadas neste ano 1t405m

Dentre as 18 indicações geográficas do Paraná, duas delas foram conquistadas por produtos tipicamente curitibanos.

Um deles é a carne de onça, uma iguaria cuja origem remonta à década de 1940. A história começa com Ronaldo Abrão, conhecido como “Ligeirinho”, jogador do Britânia, time de futebol cujo diretor, Cristiano Schmidt, era dono do bar “Buraco do Tatu” na Marechal Deodoro, em Curitiba. Durante os momentos de celebração das vitórias do Britânia, Schmidt preparava uma mistura peculiar: carne crua sobre fatias de broa, servida aos jogadores.

O apelido “Tatu” dado a Cristiano Schmidt deu origem ao nome do bar. Um dia, o goleiro do time, apelidado de “Duaia”, expressou sua insatisfação com a comida, dizendo que a carne era tão bruta que nem uma onça comeria. Foi assim que surgiu o nome “carne de onça” para esse prato peculiar. E com o tempo, outros bares em Curitiba começaram a servir a iguaria, que acabou se tornando um símbolo da cidade.

Além do prato da culinária de boteco, Curitiba também é representada por suas broas de centeio, que somam mais de 150 anos de história e receberam o reconhecimento no começo deste ano. Foi o primeiro selo de Indicação de Procedência concedido a um produto de panificação no Brasil, inclusive, e o registro engloba, além de Curitiba, os municípios de Araucária, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Colombo, Pinhais e Piraquara.

A broa é um pão obtido por meio da combinação de farinhas de centeio e trigo, com a adição de água e sal, resultado do processo de fermentação e cocção, podendo ter outros ingredientes como açúcares, gorduras e fermento biológico. O produto ou de um alimento simples e hoje é um patrimônio da capital paranaense. Há registros de que ele foi oferecido a visitantes ilustres como o Imperador do Brasil Dom Pedro II, no século XIX, e ao Papa João Paulo II, no século ado.

Litoral e Grande Curitiba reúnem mais três registros e um candidato 3d3y29

Além dos dois registros da Capital, a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) também é representada na lista das IGs por Mandirituba, com sua camomila desidratada. O município, inclusive, é responsável por cerca de 30% de toda a camomila produzida no Paraná, com mais de 300 toneladas anuais colhidas. O produto é utilizado em chás, essências e produtos farmacêuticos, além de impulsionar o turismo regional, já que visitantes vão até a cidade para acompanhar a florada da lavoura, especialmente nos meses de agosto e setembro.

Já no litoral do Paraná, pertinho de Curitiba, mais dois produtos são destaques: as famosas balas de banana de Antonina, que começaram a ser produzidas em 1970; e o Barreado do Litoral, um prato que possui preparo típico e segue tradições de mais de 200 anos. Seu registro engloba 11 restaurantes de Morretes, Antonina e Paranaguá.

Além disso, as ostras do Cabaraquara, cultivadas na Baía de Guaratuba, também l,utam para conseguir o reconhecimento do INPI.

O que são as Indicações Geográficas i3320

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora.

O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.