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(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

O Brasil está envelhecendo. De acordo com o BNDES, até 2030 o país terá mais idosos do que crianças e adolescentes, um marco na mudança do perfil da população. Entre os fatores que explicam esse cenário estão o encolhimento das famílias, mudanças econômicas e os avanços da medicina, que têm permitido viver mais e com mais qualidade. 2y4y1z

O nível de escolaridade também influencia o quanto as pessoas vivem. Um levantamento da Fiocruz mostrou que homens com ensino superior completo vivem, em média, 6,3 anos a mais do que aqueles com menos do que o ensino fundamental. No caso das mulheres, a diferença é de 2,2 anos.

A pesquisa reforça a ideia de que mais educação está ligada a mais saúde, o a melhores oportunidades e qualidade de vida, o que pode impactar diretamente na longevidade da população.

Reserva cognitiva 6x3b4t

Esse fenômeno pode ser explicado por um conceito chamado reserva cognitiva. De acordo com a gerontóloga, Thais Bento, trata-se de uma “poupança cognitiva” que acumulamos ao longo da vida. “Quanto maior a escolaridade, maior a reserva cognitiva, pois estamos falando de um cérebro que teve desafios intelectuais e estímulos, ou seja, se fortaleceu, teve aprendizagens, criou conexões e teve plasticidade cognitiva”, explica a especialista que é doutora em Neurologia Cognitiva e de Comportamento.

Para além da educação formal, é importante garantir que o cérebro seja sempre estimulado de diferentes formas para garantir uma maior reserva cognitiva no futuro. “A vida moderna tem limitado a performance do cérebro à medida em que nossas ações estão cada vez mais mediadas pela 

tecnologia. Para funcionar bem, o cérebro precisa de novidade, variedade e grau de desafio crescente e a gente não tem conseguido isso de maneira natural”, comenta a neuropsicóloga, Patrícia Lessa, que é especialista em gerontologia. 

Atividades como leitura, palavras-cruzadas, Sudoku, ábaco  podem ser interessantes pontos de partida para começar a exercitar o cérebro, no entanto há cursos específicos de ginástica para o cérebro que atuam de forma mais direcionada.

Os impactos da estimulação cognitiva no envelhecimento 2a1r35

A boa notícia é que é possível reduzir o declínio cognitivo. Exercício físico regular, boas noites de sono, alimentação saudável e interação social são medidas já conhecidas para garantir o bem-estar físico e emocional e funcionam também para a saúde do cérebro. O que pouca gente sabe é que existe um quinto pilar que faz toda a diferença: a estimulação cognitiva.

 “A ausência de reconhecimento não gera motivação, o que faz com que muitas pessoas não adotem essas intervenções na rotina. A ausência de estímulos cognitivos além de ser um fator de risco para as demências, pode prejudicar o desempenho cognitivo geral, limitando, por exemplo, a capacidade de velocidade de processamento das informações, as habilidades de memória, o planejamento de tarefas e prejudicar o bem-estar”, explica Thaís.

A estimulação cognitiva é uma espécie de ginástica para o cérebro que tem por objetivo fortalecer as redes neuronais e melhorar as capacidades deste importante órgão, que oferece uma série de benefícios para todas as idades, além dos já citados. “Ao apresentarmos desafios de forma intencional, conseguimos trabalhar não só aspectos cognitivos como também as competências socioemocionais”, comenta Patrícia.